Italianità é a história de um sonho. Vivi menino a emoção de ouvir histórias fascinantes de meu pai, de suas idas-e-vindas à Itália irmãos meninos ainda levados e trazidos pela alegria de meu avô em rebuscar o passado num vilarejo calabrês "arrampicato" sobre montes belíssimos dos Apeninos do sul. A pobreza ou a opção republicana que os trouxeram ao Brasil sucumbiram diante de um sentimento que a língua portuguesa única chamou saudade. Não é "malinconia" nem "rimpianto"nunca foi "nostalgia" nem muito menos "voglia di rivedere qualcuno". A nossa saudade marca o ritmo de meus escritos, saudade de meu pai, saudade do mito italiano que revivi ao revés nos dez anos que tive de Itália, não a deles que flutuava sobre a minha, mas a mescla do que foi um tempo nos idos de 1900 e o meu tempo, que foi meu mergulhado nas lembranças deliciosas que me fazem igualmente italiano.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
segunda-feira, 23 de junho de 2008
PARA LUCIANA
LUZES
para Luciana Stegagno Picchio
Teus olhos
doces
vagam vagas vagas
vagas horas
no tempo
perdidas
a navegar o vento
plenas
de amores passados
suspiros
doces venenos…
Sombra aparente
esconde
passageiramente
tua imagem
teus olhos
teu pensamento
fantasia
teu estro
sorgenti
de amor e razão.
Duas estrelas
teus olhos miram
o sol brilhante
o dia claro
o invisível espaço
no teu passar manso
de passar passando
a vaguear as musas
Beatrice Laura Dinamene
o céu a terra o vento sossegado[1]
na véspera de não partir nunca.[2]
Ciò che m’ incontra, ne la mente more,
quand’ i‘ vegno a veder voi, bella gioia…[3]
Dancemos dancemos a dança em cadência
juntos
ao fim da jornada clara
oh! Ninfa minha
assim não deixarás
quem não deixara nunca de querer-te.[4]
Todos nesta selva escura
em verdade temos medo
do destino
dos fados
de nossa vida incompleta
esse silêncio surdo
de um solitário horror.
Nascemos no escuro
cheiramos flores de medo
vestimos panos de medo.[5]
De medo fugimos
descendo o rio
mas não deixamos de amar.
Olho-te imito
espelho
que me agrada e me assusta
mas por enquanto quero
teu rosto
teu gesto a palavra
esperança.
Ao fim de um dia escuro
não há abismo
nem eterno olvido
nem fim ou heresia
ainda que chores
ou mesmo suspires.
Seja em Roma ou Babilônia
faz dia
para quem se nutre
do que cria.
Hoje
eu tomo alegria!
Eis aí porque vim assistir este baile de terça-feira gorda![6]
Roma, 15 de julho de 2004.
[1] Camões
[2] Pessoa
[3] Dante, “Vida Nova”, soneto VIII
[4] Camões
[5] Drummond
[6] Manuel Bandeira
para Luciana Stegagno Picchio
Teus olhos
doces
vagam vagas vagas
vagas horas
no tempo
perdidas
a navegar o vento
plenas
de amores passados
suspiros
doces venenos…
Sombra aparente
esconde
passageiramente
tua imagem
teus olhos
teu pensamento
fantasia
teu estro
sorgenti
de amor e razão.
Duas estrelas
teus olhos miram
o sol brilhante
o dia claro
o invisível espaço
no teu passar manso
de passar passando
a vaguear as musas
Beatrice Laura Dinamene
o céu a terra o vento sossegado[1]
na véspera de não partir nunca.[2]
Ciò che m’ incontra, ne la mente more,
quand’ i‘ vegno a veder voi, bella gioia…[3]
Dancemos dancemos a dança em cadência
juntos
ao fim da jornada clara
oh! Ninfa minha
assim não deixarás
quem não deixara nunca de querer-te.[4]
Todos nesta selva escura
em verdade temos medo
do destino
dos fados
de nossa vida incompleta
esse silêncio surdo
de um solitário horror.
Nascemos no escuro
cheiramos flores de medo
vestimos panos de medo.[5]
De medo fugimos
descendo o rio
mas não deixamos de amar.
Olho-te imito
espelho
que me agrada e me assusta
mas por enquanto quero
teu rosto
teu gesto a palavra
esperança.
Ao fim de um dia escuro
não há abismo
nem eterno olvido
nem fim ou heresia
ainda que chores
ou mesmo suspires.
Seja em Roma ou Babilônia
faz dia
para quem se nutre
do que cria.
Hoje
eu tomo alegria!
Eis aí porque vim assistir este baile de terça-feira gorda![6]
Roma, 15 de julho de 2004.
[1] Camões
[2] Pessoa
[3] Dante, “Vida Nova”, soneto VIII
[4] Camões
[5] Drummond
[6] Manuel Bandeira
RICORDANZA
[io tradotto da Luciana]
Così intimamente guardavano l’orizzonte,
il mare libero, il vulcano nell’isola
e l’immaginazzione.
La terra ferma ed il firmamento ermo erano loro vita
nella variazzone della nebbia di sempre.
La sppiaggia lontana, un sogno il vascello,
I figli dei figli,
un duro colpo freddo nell’anima.
La partenza senza ritorno simili a uccelli
che lasciano il silenzio buio
nudo della vollonta scarnita
cercando un porto di dignità
dove rifiorire.
L’agonia dell’essere lampeggiando
quando la stanza vuota
è l’invito all’avventura
e a la memoria che vola.
La storia invecchiata aspro esilio
de cuori che ritornano brasiliani tra i venti
dell’italianità latente.
Roma, 2005
Così intimamente guardavano l’orizzonte,
il mare libero, il vulcano nell’isola
e l’immaginazzione.
La terra ferma ed il firmamento ermo erano loro vita
nella variazzone della nebbia di sempre.
La sppiaggia lontana, un sogno il vascello,
I figli dei figli,
un duro colpo freddo nell’anima.
La partenza senza ritorno simili a uccelli
che lasciano il silenzio buio
nudo della vollonta scarnita
cercando un porto di dignità
dove rifiorire.
L’agonia dell’essere lampeggiando
quando la stanza vuota
è l’invito all’avventura
e a la memoria che vola.
La storia invecchiata aspro esilio
de cuori che ritornano brasiliani tra i venti
dell’italianità latente.
Roma, 2005
domingo, 22 de junho de 2008
SAUDADE GENÉTICA
SAUDADE
sombra que beija o tempo distante
no sonho que deu certo
talvez o amor valesse a busca
de futuro ignorado
talvez eu seja o filho ansioso
herdeiro do destino
abandonado no tempo sem feridas
talvez ausências reluzentes
na noite de meu dia
vivam a penumbra
do labirinto genético disperso
socialistas pobres anarquistas
irresponsavelmente
il rimembrar. Che fummo?
Gente di sudato sogno[1]
a exportar colheita em terra prometida
dispersando eternidade
Roma, julho de 2004.
[1] Leopardi in ”Coro dei morti” – “o recordar. O que fomos?” Gente “de suado sonho ”
sombra que beija o tempo distante
no sonho que deu certo
talvez o amor valesse a busca
de futuro ignorado
talvez eu seja o filho ansioso
herdeiro do destino
abandonado no tempo sem feridas
talvez ausências reluzentes
na noite de meu dia
vivam a penumbra
do labirinto genético disperso
socialistas pobres anarquistas
irresponsavelmente
il rimembrar. Che fummo?
Gente di sudato sogno[1]
a exportar colheita em terra prometida
dispersando eternidade
Roma, julho de 2004.
[1] Leopardi in ”Coro dei morti” – “o recordar. O que fomos?” Gente “de suado sonho ”
SOMA
eu sei bem eu já pressinto
ser um só
mas
sou mais de um e estou só
serei tres ou mais serei
no contar o quanto sei?
não somei
os tantos em que me tornei
Roma, dezembro de 2003.
ser um só
mas
sou mais de um e estou só
serei tres ou mais serei
no contar o quanto sei?
não somei
os tantos em que me tornei
Roma, dezembro de 2003.
RETORNO
VOLTAR
“TERIA JEITO DE VOCE VIR
PARA ALGUNS EVENTOS,
PARA TODOS,
PARA SEMPRE?”
[Octávio Mello Alvarenga em um e-mail]
Para sempre voltar
para sempre
alheio a caminhar
para sempre
muito longe no meu sonho
para sempre
de rever os meus amigos
e trilhar os seus caminhos
c’é da fare ancora …
a alegria entre o branco e o vermelho a crepitar
a tristeza no anoitecer
para sempre
oscila a vida
no fatal réquiem final
c’é tanto da fare ancora…
mas espera
chegaremos hoje ou amanhã
que inda hei de voltar
para sempre
do alto do Himalaia ao mar raso a quebrar
Roma, 17 de abril, de 2005.
“TERIA JEITO DE VOCE VIR
PARA ALGUNS EVENTOS,
PARA TODOS,
PARA SEMPRE?”
[Octávio Mello Alvarenga em um e-mail]
Para sempre voltar
para sempre
alheio a caminhar
para sempre
muito longe no meu sonho
para sempre
de rever os meus amigos
e trilhar os seus caminhos
c’é da fare ancora …
a alegria entre o branco e o vermelho a crepitar
a tristeza no anoitecer
para sempre
oscila a vida
no fatal réquiem final
c’é tanto da fare ancora…
mas espera
chegaremos hoje ou amanhã
que inda hei de voltar
para sempre
do alto do Himalaia ao mar raso a quebrar
Roma, 17 de abril, de 2005.
MINHA TERRA
MEU CANTO
o sentimento não é lugar de exatidão
neste planeta
como poeta o tempo deu-me o sonho
e o destino minha terra
a sonhar vivi o mundo por espaços de perder-me
ven-tu-ro-sa-men-te
prisma
a decompor o coração
em gente diferente
prisma
a decompor o coração
em gente diferente
mas
as tardes de domingo são o mundo que criei
na lembrança que lhes dei
céu azul ouro café
verde mar verde floresta
como uma forma de fé
.
a alma louca de saudade
celebra o dia
que desliza
na pracinha em pedras brancas
iluminada de ilusões
celebra o dia
que desliza
na pracinha em pedras brancas
iluminada de ilusões
.
amo esse canto onde o sol posso tocar
casas à margem das ruas
caiadas
mil perfumes no ar
a porta e a janela
de um profundo azul anil
.
o coração acariciado
invoca a claridade e a cor
.
no domingo insconsciente
a beleza é meu desejo
de ouvir tocar sentir
coisas de minha terra
de ouvir tocar sentir
coisas de minha terra
Roma, dezembro de 2003.
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